Modo automático
Quando o escritor está envolvido no processo de criação, parece ausente mesmo, desconectado da realidade. Na verdade isso acontece com qualquer artista. Basta ele focar em alguma atividade que qualquer pessoa nota que está no modo automático.
O digitar tem pressa de revelar os segredos da nossa criatividade. E quanto mais escrevemos, mais ideias vão surgindo. E não queremos parar nem por um instante para não perder o foco ou a essência do trabalho.
E isso não é de todo ruim. O modo automático garante a entrega do serviço no prazo estabelecido, mostra compromisso, estratégia e boas energias fluindo o tempo todo.
Tem horas que o escritor se entrega de tal forma, que perde até a fome. Não fica com sede, doente ou com dor de cabeça. Ele pensa que pode tudo e que o corpo aguenta essa loucura toda só pra ter seu projeto online.
O modo automático só termina com o clique na tecla “Enter”. Aí sim, ele respira aliviado, estica os dedos das mãos e sente o estalar dos ossos. A dor nas costas não perdoa, mas ele sorri pensando que sobreviveu a mais uma batalha.
Mas se por um lado, tudo parece plenamente satisfatório, por outro… alguns transtornos como inquietude, estafa mental, insônia, ansiedade, tristeza vão dominando e prejudicando a saúde do escritor.
E nessa vida acelerada como se tudo fosse pra ontem, perde-se um pouco dos detalhes, dos reencontros, de bons relacionamentos.
Na pior das hipóteses, o modo automático vicia o escritor numa rotina pesada, sacrificando a qualidade de vida, a eficiência e com repercussões negativas.
É hora de repensar as prioridades e a sua rotina. Confesso que nem sempre é fácil por causa das responsabilidades, mas posso garantir que viver é melhor do que apenas existir.
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